País tem 30% dos trabalhadores sem o fundamental
completo
População empregada que concluiu o ensino superior é de cerca de 15%
Os novos dados do
mercado de trabalho apurados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) mostram que quase um terço das pessoas ocupadas no Brasil não
terminaram o ensino fundamental ou não têm sequer algum nível de instrução. Por
outro lado, a fatia da população empregada que concluiu o ensino superior
corresponde a pouco menos de 15% dos trabalhadores.
A Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios) contínua, inaugurada na última sexta-feira,
17, exibe dados a partir do primeiro trimestre de 2012. De lá para cá, a
proporção de pessoas na base mais baixa da pirâmide educacional diminuiu. Uma
tendência já mostrada pela Pnad anual. Mas a situação continua a preocupar
especialistas do ponto de vista da produtividade e do crescimento potencial do
País, algo debatido incansavelmente por economistas.
De acordo com as
informações da Pnad Contínua, as pessoas de 14 anos ou mais que não tinham
concluído o ensino fundamental respondiam por 26,9% dos 90,6 milhões de
ocupados no segundo trimestre de 2013 (dado mais recente divulgado pelo
instituto). Entre as pessoas que não têm nível algum de instrução, esse
porcentual era de 5,4%. Os que concluíram o ensino superior, por sua vez, eram
14,9% dos ocupados naquele período.
Segundo o
economista-chefe da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ, José Márcio
Camargo, há duas consequências.
— Primeiro, a
economia brasileira cresce pouco no longo prazo. Não é sustentável, porque a
produtividade não aumenta. Além disso, contribui para a má distribuição de
renda.
Já o economista da
Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti, um dos fatores preponderantes que
compõem o Produto (Interno Bruto, o PIB) é o nível educacional.
Sem calcular o quanto
um melhor nível da educação poderia acrescentar ao PIB, ele afirma que a
formação tem papel fundamental para o crescimento potencial do País, o que
demandaria investimentos não só em capital físico e tecnologia, mas também em
capital humano.
A Pnad Contínua ainda
não divulga dados segregados por atividade. Mas o IBGE pretende abrir mais essa
possibilidade na nova pesquisa.
Para o coordenador de
Trabalho e Rendimento do instituto, Cimar Azeredo, isso será importante
para entender qual o tamanho dessa força de trabalho e, assim,
analistas poderão calcular o quanto pode aumentar a produtividade. Porém
ele não definiu um prazo para inclusão desses dados.
Solução
De 2004 para cá, o
crescimento do mercado de trabalho ocorreu em cima da ociosidade, destacou o
economista Douglas Uemura, da LCA Consultores. Hoje, com uma taxa de desemprego
relativamente baixa e uma dinâmica de emprego mais apertada, ele afirma que a
economia vai depender cada vez mais da ampliação da capacidade.
— Tem por onde
crescer. Mas cada vez mais o crescimento vai depender de produtividade",
afirma. Ele ressalta, porém, que não basta investir em educação. É preciso
também avaliar a qualidade.
A resolução do
problema não é fácil. Segundo Camargo, alguns países tentam abreviar o caminho
com a oferta de cursos técnicos de curta duração, mas o retorno é pequeno.
— Não conheço solução
de curto prazo. É preciso haver enorme aumento do investimento no ensino
público, principalmente na pré-escola e no ensino fundamental. Hoje, os
investimentos são muito focados no ensino superior. É preciso concentrar
investimentos para evitar que, no futuro, a pessoa chegue à idade adulta com
tão baixa qualificação.
Para o
economista-chefe da Opus, o Brasil nunca criou uma liderança política que
tivesse como prioridade os investimentos em educação. É um problema histórico,
difícil de resolver. A culpa não é só dos atuais governantes.
Perfil
O perfil das pessoas
ocupadas é um retrato da própria situação educacional do País. Entre as pessoas
em idade de trabalhar (a partir dos 14 anos), 31,6% não têm o ensino
fundamental completo, e outras 9,4% não têm nenhum nível de formação. Entre os
que têm nível superior completo, o porcentual chega a 10,7%. Segundo o IBGE, os
dados mostram que o nível de formação da mão de obra brasileira ainda é
superior à média geral, pois a proporção dos que têm ensino superior e estão
ocupados é maior. "O mercado de trabalho é exigente", afirma
Azeredo.
Quanto mais
escolarizada a pessoa, mais oportunidades ela vai ter.
O coordenador do IBGE
ainda afirma que os dados devem seguir a tendência de melhora, na medida em que
a população idosa de hoje sair da força de trabalho
Há uma parcela
idosa que não estudou na idade adequada. E, para o posto atual, ela não sente a
necessidade de estudar. Então, alguns recuperaram isso, mas outros não.
Fonte:http://noticias.r7.com/economia/pais-tem-30-dos-trabalhadores-sem-o-fundamental-completo-22012014
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