Putin diz que expansão não está na pauta e descarta Argentina no Brics.
A
expansão do bloco formado por Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul
(Brics) não deve ser examinada em termos práticos na sexta cúpula que ocorre
nesta semana no Brasil. A informação é do presidente da Rússia, Vladimir Putin,
em entrevista à agência de notícias russa Itar-Tass. Questionado se a Argentina
poderia se tornar o sexto país do Brics, Putin disse que o assunto não está em
pauta, mas é possível estabelecer uma parceria estratégica do grupo com o país,
em aspectos políticos, econômicos e financeiros internacionais.
"A
Rússia saúda a aspiração das autoridades argentinas a aproximar-se do Brics. No
entanto, a questão da expansão do bloco não está sendo examinada em termos
práticos. Primeiro é preciso ajustar os trabalhos de vários formatos de cooperação
já existentes no âmbito da união", disse ele. Para Putin, no futuro
provavelmente surgirá a questão da ampliação gradual.
De Bric a Brics
O termo Bric foi criado em 2001 pelo economista Jim O'Neill, do banco
Goldman Sachs, referindo-se a um grupo de mercados emergentes com grande
potencial econômico: Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2009, os líderes desses
países começaram a realizar cúpulas anuais, tentando aumentar sua influência
coletiva global. Em 2010, a África do Sul juntou-se ao grupo, que passou a ser
denominado Brics. A
possível entrada da Argentina no Brics foi comentada nesta segunda-feira (14)
pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade,
durante reunião de empresários que antecede o encontro de cúpula do Brics. Para
ele, a Argentina não se encaixa no conceito da formação do bloco. "Além de
crescimento e desenvolvimento, o conceito envolve também segurança jurídica, o
caminho para uma democracia plena, coisas que, a meu ver, estão fora da entrada
da Argentina neste momento", disse.
Para
Vladimir Putin, é preciso aproveitar ao máximo o fator das economias nacionais
complementares. Segundo ele, as oportunidades de cooperação do bloco são
"enormes", pois, além do mercado com cerca de 3 bilhões de
consumidores, os países do Brics têm recursos naturais e matérias-primas
únicas, potencial tecnológico, financeiro e industrial significativo. Líder
russo elogia banco de desenvolvimento e fundo de reserva Putin destacou que a
iniciativa de criar um banco de desenvolvimento do grupo tem por objetivo ampliar
a cooperação entre os países. "Esperamos que no futuro próximo sejam
acordados todos os assuntos pendentes e nós possamos usar o potencial do banco
para realizar grandes projetos em nossos países". Sobre a formação de um
fundo de reservas do bloco, Putin destacou que objetivo é que ele vire uma
espécie de rede de segurança para responder aos desafios financeiros. "Tanto
o banco de desenvolvimento quanto o pool de reservas cambiais são os passos
práticos dos nossos países dirigidos para fortalecer a arquitetura financeira
internacional e atribuir a ela um caráter mais equilibrado e justo".
O
presidente também lembrou a formação, no ano passado, do conselho empresarial
do Brics, por empresários dos cinco países, com o objetivo de identificar e
remover barreiras que impedem a interação de negócios no âmbito dos cinco
países. Rússia critica falta de participação ativa de economias novasPutin
defende uma reforma do sistema monetário e financeiro internacional que, para
ele, atualmente é injusto em relação ao bloco e às economias novas. "Temos
que participar de forma mais ativa no sistema de decisões do FMI [Fundo
Monetário Internacional] e do Banco Mundial. O próprio sistema monetário
internacional depende muito da posição do dólar, ou melhor dizer da política
monetária e financeira das autoridades norte-americanas.
Os países do Brics querem mudar essa
situação". Mais um interesse comum dos cinco países, no longo prazo, é o
reforço da primazia do direito internacional e do papel central da Organização
das Nações Unidas (ONU) no sistema internacional. "Para ser sincero, sem
posição intransigente da Rússia e da China no Conselho de Segurança da ONU
sobre a Síria, a situação nesse país há um bom tempo estaria se desenvolvendo
conforme o cenário da Líbia e do Iraque", enfatizou Putin. Durante a
reunião de cúpula, os chefes de Estado dos cinco países vão deliberar sobre a
criação do novo banco de desenvolvimento do bloco, que financiará projetos de
infraestrutura e de desenvolvimento sustentável. Também deve ser criado o
Arranjo Contingente de Reservas – linha de defesa adicional para os países do
bloco em cenários de dificuldade de balanço de pagamento. Em Brasília, na
próxima quarta-feira (16), ocorrerá reunião de trabalho entre os mandatários
dos países e chefes de Estado e de Governo da América do Sul.
Fonte: http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/14/putin-diz-que-expansao-nao-esta-na-pauta-e-descarta-argentina-no-brics.htm
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