sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Em 2013, reservas internacionais têm a primeira queda em 13 anos

Recuo no ano passado, porém, foi pequeno, de 0,74%, ou US$ 2,81 bilhões.
País teve saída de recursos em 2013 e, com isso, BC não comprou dólares.


As reservas internacionais brasileiras registraram, no ano passado, o primeiro recuo em 13 anos, segundo informações divulgadas pelo Banco Central. No fim de 2013, as reservas, pelo conceito de liquidez internacional - que excluem as vendas de dólares para o mercado financeiro com compromisso de recompra - somaram US$ 375,79 bilhões, contra US$ 378,61 bilhões no fechamento de 2012.
A queda das reservas internacionais registrada no ano passado, entretanto, foi pequena se comparada com o patamar das reservas. As reservas recuaram 0,74% em 2013, ou US$ 2,81 bilhões. Mesmo assim, foi o primeiro recuo desde o ano 2000 - quando as reservas caíram US$ 3,3 bilhões, para US$ 33 bilhões. No fechamento do ano anterior (1999), elas estavam em US$ 36,34 bilhões.
Como acumular reservas?
O governo acumula a moeda norte-americana comprando dólares no mercado à vista (via Banco Central) ou fazendo emissões de títulos da dívida externa - que são comprados pelos investidores internacionais e cujo pagamento é depositado nas reservas cambiais. As reservas também variam por conta da remuneração das aplicações que são feitas com estes recursos - a maior parte (mais de 70%) em títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Saída de dólares do Brasil em 2013
De acordo com dados da autoridade monetária, a queda das reservas internacionais, em 2013, aconteceu em um ano marcado por menos recursos disponíveis na economia brasileira. Números oficiais mostram que houve mais saída do que entrada de dólares na economia brasileira na parcial de janeiro de 2013 até 27 de dezembro do ano passado.

Neste período, as saídas de recursos superaram o ingresso de divisas no Brasil em US$ 10,5 bilhões. Se confirmado para todo ano passado (falta apenas um dia útil para fechar o ano - 30 de dezembro), será a primeira retirada de recursos da economia brasileira desde 2008.
No mesmo período de 2012, US$ 16,75 bilhões haviam entrado no país. Com isso, houve a reversão de US$ 27,3 bilhões no fluxo de dólares no acumulado do ano passado - até 27 de dezembro.
Com a maior escassez de recursos no país em 2013, o Banco Central também não efetuou compras de dólares no mercado à vista (a principal forma de aumentar as reservas nos anos anteriores). Em 2012, a autoridade monetária comprou US$ 11,15 bilhões no mercado à vista.
No ano anterior, em 2011, quando as reservas internacionais subiram US$ 63,4 bilhões, as compras do BC somaram US$ 47,9 bilhões. Em 2011, houve ingresso de dólares no país - no valor de US$ 65 bilhões.
Sétimas maiores reservas do mundo em 2012
Na comparação com outros países, o Brasil ocupava, no fim de 2012 (o relatório de 2013 ainda não foi divulgado), a sétima posição no ranking de maiores reservas internacionais do mundo, segundo documento divulgado recentemente pelo Banco Central. Isso representa uma posição a menos do que em 2011 - quando as reservas brasileiras estavam na sexta posição no ranking mundial. De acordo com a autoridade monetária, porém, o Brasil apresentava, no fechamento de 2012, a segunda menor proporção de reservas em relação ao PIB entre os países dessa mesma lista, com valor aproximadamente três vezes menor que a média.

Seguro contra crise
A vantagem de ter dólares em caixa é que isso dá garantias contra eventuais crises no mercado externo, como a da Rússia, em 1998, que acabou atingindo o Brasil, e as turbulências que atingiram a economia internacional em 2008 e, novamente, nos últimos anos (embora com menos intensidade).

Em 2008, na primeira fase da crise financeira, quando as linhas de crédito externas escassearam, o BC vendeu dólares das reservas para empresas brasileiras. No fim de 2010, o Banco Central chegou a ofertar dólares ao mercado financeiro, com compromisso posterior de recompra, mas não aceitou as propostas do mercado financeiro na ocasião.
Em 2013, vendeu contratos de "swap cambial" (venda de dólares no mercado futuro) e linha com compromisso de recompra - mas não efetuou venda direta no mercado à vista (spot) sem compromisso de recompra. Com isso, não abriu mão de dólares das reservas internacionais. 

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